Em 2024, o Brasil registrou 724.228 acidentes de trabalho, sendo 74,3% destes acidentes típicos, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego.
Em sua maioria, 61,7% geraram afastamentos de até 15 dias, 27,1% não resultaram em afastamento e, 11,91% causaram afastamentos de mais de 21 dias. Em casos graves, há o risco da redução ou perda da capacidade de trabalho.
Para evitar isso, além de cumprir a legislação, é necessário implantar uma cultura de segurança no ambiente de trabalho. É o que destaca o técnico em Segurança do Trabalho da Embraps, Renan Rebustine:
“É necessário explicar ao funcionário que não basta utilizar o Equipamento de Proteção Individual (EPI). Ele precisa entender por que precisa utilizá-lo, analisar o ambiente e tomar decisões que evitem riscos não apenas para si como para terceiros”, aponta Rebustine.
Quando se trata de condomínios, no caso dos profissionais de limpeza, a orientação é que, além dos EPIs, utilizem apenas saneantes com fórmulas testadas e licenciadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Isso porque produtos clandestinos, como garrafas de cloro coloridas e misturas de substâncias podem não apenas corroer pisos e móveis, como também causar problemas graves de saúde tanto para o trabalhador, como para outros indivíduos que circulam pelo ambiente.
“Um exemplo é a mistura de água sanitária com vinagre, que produz um gás tóxico de cloro que provoca queimaduras químicas, principalmente nos olhos e nas vias aéreas, do nariz até os pulmões”, esclarece o especialista.
No caso das portarias, acidentes com portões automáticos, problemas com elevadores e até mesmo a questão da ergonomia são pontos de atenção. No entanto, Rebustine cita situações aparentemente corriqueiras, mas que podem colocar o profissional em risco:
“Os moradores contam com o porteiro para ajudá-los em questões relacionadas ao prédio, e é aí que o profissional precisa se atentar. Pode ocorrer, por exemplo, de algum objeto do condômino cair em uma marquise e ele pedir que o porteiro o busque, ou então auxiliar o morador em alguma mudança, ou obra. Sempre orientamos ele a não proceder desta forma, justamente para respaldar sua segurança. É uma linha tênue, já que o profissional quer ajudar o morador e, por vezes, parece um favor pequeno. Mas ele precisa evitar o desvio de sua função”, afirma.
Por isso, Rebustine reforça a importância da qualificação. “Fazemos treinamentos de reciclagem abordando questões técnicas da atividade, além das campanhas de segurança, como a ‘Diálogos Semanais de Segurança’ (DSS). Também orientamos o profissional a, caso identifique algo errado – como uma lâmpada queimada na escadaria, o que pode ser um risco para quem utilizá-la, principalmente pessoas com baixa visão – reportar ao seu superior, sempre. Esses diálogos contribuem muito para fortalecer esta cultura de segurança”, diz.
Por outro lado, empregadores devem fornecer EPIs adequados à função, se atentar às convenções e acordos coletivos e seguir as Normas Regulamentadoras (NRs), que dispõem das obrigações, direitos e deveres a serem cumpridos tanto por eles quanto pelos funcionários. “Mantendo um sistema de gestão integrado e treinamentos em dia, é possível prevenir a incidência de acidentes e tornar o ambiente de trabalho mais saudável”, conclui Rebustine.
Fonte: (https://condominiosc.com.br/radar/5895-criar-cultura-de-seguranca-no-trabalho-reduz-acidentes-diz-especialista?highlight=WyJjdWx0dXJhIl0=)